Prefeitura Municipal de Ilhéus
Secretaria Municipal de Educação
CRIE-Centro de Referência á Inclusão Escolar
Decreto Municipal: 012D.O. 17/02/2011
SURDEZ / DEFICIÊNCIA AUDITIVA
SURDO? DA? SURDO-MUDO? MUDINHO? DEFICIENTE AUDITIVO? NÃO
OUVINTE? QUAL O TERMO CERTO?
Talvez você tenha uma, ou todas essas interrogações em sua mente. Realmente o
mundo dos surdos é cheio de novidades, não é? Então vamos explicar melhor.
Termos como: não ouvinte, mudinho, deficiente, surdo-mudo e DA, não são bem
aceitos pela comunidade surda, apesar de alguns profissionais ouvintes usarem ainda.
A comunidade surda gosta de ser referidas como SURDOS, que são aqueles
indivíduos que não ouvem ou possuem perda auditiva e usam a Língua de Sinais para
sua comunicação. Estão sempre envolvidos nos movimentos surdos como:
associações, congressos, torneios esportivos, pontos de encontro dos surdos, igrejas
e outros.
Há outro grupo denominado DA, ou Deficiente Auditivo, são os indivíduos que tem
perda auditiva, mas fazem uso da língua oral e leitura labial para se comunicar.
Geralmente não gostam de ser identificados como surdos e tem uma maior
convivência com os ouvintes.
Algumas pessoas acham que todo surdo é mudo, isso é um mito, como já vimos,
existem surdos oralizados. A FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração
dos Surdos, há anos faz a campanha “SURDO-MUDO, APAGUE ESSA IDÉIA” com o
objetivo de conscientizar a comunidade ouvinte.
Há vários anos a comunidade surda vem construindo uma IDENTIDADE SURDA
diferente da estigmatizada, que lhes tem sido imposta há séculos como “deficiente
auditivo”, ou seja, incapaz. Uma grande conquista da comunidade surda brasileira foi a
Lei 10.436 de 24 de abril de 2002 e o decreto 5.626 de dezembro de 2005, que
legaliza a LIBRAS como língua oficial dos surdos brasileiros, respeitando sua
identidade, cultura e seus direitos como cidadãos.
LEI 10.436
Art. 1° É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua
Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único.
Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e
expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura
gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos,
oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
DECRETO 5.626
Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às
pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos
seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os
níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.
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- 1º Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no
caput, as instituições federais de ensino devem:
I - promover cursos de formação de professores para:
a) o ensino e uso da Libras;
b) a tradução e interpretação de Libras – Língua Portuguesa; e
c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas;
II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também
da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos
PARA ATENDER A NECESSIDADES ESPECIAIS COMUNS EM ALUNOS SURDOS
OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Sabe-se que
realidade, de que o homem dispõe, é a
compartilha experiências lingüísticas, mais ou menos significativas, por meio das quais
apreende o significado e a função social dos objetos e dos fenômenos sociais.
Ora, o aluno surdo não dispõe da via auditiva para receber e responder aos estímulos
que constituem parte da comunicação social. Assim, seu acesso ao conhecimento
encontra-se intimamente ligado ao uso comum de um
prioritariamente visual
características físicas do objeto e não as conceituais, já que é na comunicação que o
homem é exposto ao conjunto de significados associado a cada objeto ou fenômeno
social.
Por estar biologicamente impedida de adquirir, de forma natural (sem ensino
sistematizado e formal), a língua portuguesa,
torna-se uma língua constituída de sinais
familiar, e muitas vezes somente nele significativa. É comum sermos informados que
uma das principais vias de construção de conhecimento sobre ainteração social, instância em que a pessoacódigo lingüístico, sem o qual ele fica limitado a acessar somente asa primeira língua da criança surda, construída geralmente no ambiente“só a mãe é que consegue falar com ele; só ela é quem entende o que ele está
querendo”.
Considerando que toda
melhor sucedida se a língua utilizada for compartilhada
encontram no processo educacional.
Assim,
Brasil como veículo de acesso ao conhecimento sistematizado, embora essa
possa ser a única possibilidade
escrita da língua portuguesa devem ser oferecidas sem serem impostas nem
automatizadas, principalmente durante a educação infantil.
devem ser oferecidas paralelamente à língua de sinais
educação bilíngüe (caso essa seja a opção dos pais.)
Cabe, entretanto, lembrarmos que se, por algum motivo, o aluno não foi beneficiado
pelo ensino da modalidade oral durante a educação infantil, e se estiver,
principalmente, com defasagem idade/série no período da alfabetização, deve-se
priorizar o uso da língua de sinais e da língua portuguesa escrita.
Não podemos nos esquecer também de que a língua portuguesa será, para o aluno
surdo, uma segunda língua, como o é para um estrangeiro que venha para o Brasil,
apresentando para ele as dificuldades que são comuns na aquisição de uma nova
língua (como para qualquer outra pessoa... para você, por exemplo!)
aprendizagem é mediada pela linguagem, ela será muitopor todos os que seaprender a língua portuguesa torna-se importante para o aluno surdo nonãoa ele oferecida. A modalidade oral e a modalidadeAmbas, entretanto,, configurando umaPrefeitura Municipal de Ilhéus
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No sistema educacional regular, a língua portuguesa, além de se constituir disciplina
do currículo, é o elemento que organiza e faz a mediação no processo de
desenvolvimento das demais áreas do conhecimento curricular, uma vez que é nessa
língua que o professor faz sua explanação e apresenta o material gráfico.
É necessário destacar que, seja qual for a área de conhecimento, um texto estará
sempre presente no ambiente educacional, seja ele materializado na forma oral, na
forma escrita, ou na forma sinalizada. Assim, a conversa inicial entre professor e
alunos, a ordem para fazer alguma atividade, o enunciado de operações e/ou
problemas matemáticos, as piadas, a experiência desenvolvida no laboratório, o livro
didático, enfim,
significativos
O aluno surdo poderá ter dificuldade de compreensão desses textos, o que aponta
para a necessidade de se utilizar a língua de sinais, ou outros códigos visuais. A não
utilização desses códigos poderá levá-lo à indiferença, ao isolamento, à agressividade
ou ao erro. É assim que se constrói, muitas vezes, a gradativa exclusão do aluno
surdo,
está sendo incapaz de lhe possibilitar o aprendizado significativo da língua
oficial de seu País
Nem sempre o método utilizado pelos professores possibilita ao aluno surdo o acesso
às experiências cognitivas do meio acadêmico. É comum encontrar tentativas de se
ensinar a língua portuguesa para alunos surdos, sem o respeito ao conteúdo vivencial
envolvido, desconsiderando-se seu contexto de produção e reduzindo a língua a um
sistema abstrato, com formas prontas, que se tenta fazer o aluno assimilar, por meio
de “treinos” e repetições.
Nesse sistema, a preocupação maior do professor parece ser apresentar a estrutura
gramatical, garantindo que o aluno unicamente “fixe” a ordenação e a seqüenciação
correta das palavras sem maior compromisso com o ensino da
inúmeras situações cotidianas em sala de aula constituem textos, estruturados na língua portuguesa.marginalizado por um fracasso que não é dele, mas sim do contexto que.língua viva,elaborada
, criativa e comunicativa.A língua de sinais organiza as idéias dos surdos de forma lógica diferente da
organização construída por meio do uso da língua portuguesa
Assim, o surdo acaba produzindo uma estrutura gramatical diferente, que se reflete
nas atividades escritas. Não é apenas o fato de o surdo não receber informações
auditivas que interfere nas suas práticas lingüístico-discursivas em português, mas
também, o fato de a língua de sinais estar participando ativamente no processo de
elaboração discursiva. Ela, portanto,
qualquer juízo de valor e critério de avaliação da produção escrita de alunos
surdos
Ao se deparar com um texto elaborado por uma pessoa surda, o professor deverá
manter uma atitude diferenciada que
.não pode ser desconsiderada ao se elaborar.não parta das aparentes limitações iniciais, esim
não busque o desvio da normalidade
diferença lingüística
aluno mostrou ter conhecimento do elemento geográfico focalizado, mesmo não tendo
conseguido expressar esse conhecimento nos padrões lingüísticos formais da língua
portuguesa:
das possibilidades que as especificidades dessa construção contemplam; que, mas as marcas implícitas e explícitas dasubjacente. Segue um exemplo de uma situação em que oPergunta: O que é uma ilha?
Resposta: Terra água lado.
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O fato de se chamar a atenção para a consideração desses aspectos diferenciados
nas produções escritas dos surdos não exime o professor de proceder com as
correções necessárias, reforçando o modelo correto por intermédio de exercícios
complementares
A avaliação deve respeitar o progresso individual, considerando-se sempre o estágio
inicial do processo educativo do aluno surdo. Tendo refletido sobre essas questões,
fundamentais para a compreensão do processo de aprendizagem do aluno surdo,
vamos considerar algumas providências que podem facilitar seu acesso ao currículo
como um todo:
significativos, em sala de aula ou extraclasse .●
o enredo, os personagens, a localização geográfica, a biografia do autor, etc.)
língua de sinais, oralmente, ou
apresentar referências importantes e relevantes sobre um texto (o contexto histórico,emutilizando outros recursos, antes de sua leitura;●
murais, etc.) ou de
promover a interpretação de textos por meio de material plástico (desenho, pintura,material cênico (dramatização e mímica);●
necessidades do aluno: língua de sinais, leitura orofacial, linguagem gestual, etc.
utilizar um sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades e●
(orofaciais) do professor e de seus colegas;
posicionar o aluno na sala de aula de forma que possa ver os movimentos do rosto●
informações abordadas verbalmente;
utilizar a escrita e outros materiais visuais para favorecer a apreensão das●
utilizar os recursos e materiais adaptados disponíveis: treinador de fala, tablado,softwares
educativos, solicitar que o aluno use a prótese auditiva, etc.;●
compreensão: linguagem gestual, língua de sinais; apresentar referências importantes
e relevantes sobre um texto (o contexto histórico, o enredo, os personagens, a
localização geográfica, a biografia do autor, etc.)
utilizar textos escritos complementados com elementos que favoreçam suaem língua de sinais, oralmente, ouutilizando
outros recursos, antes de sua leitura;Referência bibliográfica:
IBEC – Instituto Brasileiro de Educação, Cultura e Turismo - Curso de Pós-Graduação
Libras / Língua Portuguesa – Módulo Libras I, Professor Marcílio de Carvalho
Vasconcelos
Projeto Escola Viva - Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na
escola - Alunos com necessidades educacionais especiais, Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial, C327 2000
Cristiane de Almeida Silva
Pedagoga
Pós-graduanda em Libras
Professora da sala de apoio surdez / deficiência auditiva – CRIE
e-mail: crysas@hotmail.com